sábado, 2 de maio de 2009

Dono de bar

Eram muitas as reuniões. Café. Mais café. Chama fulano. Beltrano tá aí. Coisas, coisinhas e coisões a fazer e resolver. E o chefe pressionando. E o chefe do chefe esbravejando. O prazo atrasado. Aparentemente (ou certamente) as pessoas corriam para apagar o fogo. Planejamento? Cadê o planejamento? Você já fez aquilo que eu mandei? Ainda não deu tempo? pois corra porque o diretor está pedindo. AGORA!!!
No final da tarde, os ombros caídos, a auto-estima rolando no chão, a gente sonhava: ah, vai chegar o dia em que eu mando tudo pros quintos dos infernos. E me mando pro Nordeste. Vou precisar de um par de havaianas, meia dúzia de camisetas, duas bermudas. E vou vender caipirinha na praia. Talvez uns sandubas naturais...
O estresse todo passou. Hoje, tenho algunS (vejam o tamanho do S) amigos que, se não fizeram isso, chegaram perto: abriram um bar. Não trabalham de havaianas, mas os tênis de hoje são bastante confortáveis. Apenas um trabalha de bermuda, quando faz calor. E, sim, usam camisetas. Vendem caipirinhas, sanduíches, peixe frito, camarão, bolinho de bacalhau, cerveja e uísque, entre tantos e tantos comes e bebes.
O que dizem?
Eu já estou de saco cheio. Abro às 18h30 e tem dia que saio daqui às 5 da manhã. No dia seguinte, estou pregado, não consigo nem sair da cama. E tem de enrolar bolinho, temperar o peixe, limpar o camarão, varrer o salão, colocar as mesas, comprar bebidas. Ah, não sei, não, estou pensando em largar tudo isso, não tenho final de semana para curtir a família, ando bebendo mais do que devia e por aí vai...
Bem, eu estou começando agora, mas é fogo, viu? tem de fazer a freguesia, já trocamos os garçons e garçonetes pra melhorar o serviço, uma noite vem o fiscal do Psiu, na outra vem outro dizer que não pode isso e não pode aquilo. Agora vou ter de mudar a razão social pra colocar Tabacaria, porque não dá pra não fumar. Ficamos bolando o dia inteiro campanhas e promoções, enfim, um trabalho do cão.
Eles tentaram fazer do sonho, um naco da realidade. Continuam lutando, aprendendo, sobrevivendo, agora sem o estresse do chefe gritando na orelha.
Por mim, aprendi com eles: deito a hora que tenho sono, me levanto junto com o sol, faço minhas caminhadas, pedalo a bicicleta, leio um livro à tarde, ou vejo um filme e, sem culpa nenhuma, estou curtindo a vida sossegada. Que me perdoem, meus amigos, nada contra, muito pelo contrário, mas eu deixei os sonhos de lado.

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