segunda-feira, 27 de abril de 2009

Probleminhas domésticos

Não levo jeito com eletricidade. Nessa parte, apenas troco lâmpadas e consigo consertar interruptores de luz.
No resto, dou um jeito. Nunca, ou quase nunca, é um jeito muito bom, desses serviços profissionais que ficam uma beleza. Ah, não, os meus consertos são mais toscos. Por exemplo: furei a parede do banheiro e instalei quatro prateleiras de vidro fosco. Nenhuma das quatro ficou perfeitamente reta com relação ao teto e ao piso. E olha que eu medi milímetros!!! Mas estão lá, bonitinhas e ninguém repara na torteza. Mesmo porque ninguém frequenta meu banheiro, a não ser a empregada, para a limpeza. E se, por acaso, alguma visita entra lá, quero crer que não fica procurando por penugens como essa.
É que qualquer visitinha desses caras que fazem de tudo na sua casa não sai por menos de cinquenta. Cinquenta aqui, cinquenta lá, lá se foi a minha aposentadoria. Não dá.
Estou com um problema sério com tomadas de luz. Desliguei a chave geral, abri duas delas, apertei os fios, estava tudo normal, mas não funcionam com rádio-relógio. Já troquei dois deles, pensando em defeito de fabricação. O último que comprei já foi para a assistência técnica duas vezes. E o que dizem é sempre isso: não tem nada, está perfeito. Acerto as horas, apago a luz. Pela manhã, quando acordo, o sol nem saiu e o relógio marca 11h. Ou seja, adianta, atrasa ao seu bel prazer. Estou na fase de teste de tomadas. Já descobri que, no banheiro, o relógio funciona. Mas o que é que faço com um rádio-relógio no banheiro, já que eu mesma canto debaixo do chuveiro?
Hoje abri a máquina de lavar louças, que já tem quase 20 anos e está com muitos pontos de ferrugem. Passei zarcão - se não me engano, é esse o nome daquela tinta vermelha. Metade do meu corpo estava dentro da máquina. Quando dei por mim, senti uns pingos: lá se foi minha blusa. Mas de onde estava pingando? Ah, não! Do meu cabelo!!!, que, sem perceber, entrara dentro da lata. Não teve outro jeito: enfie metade de minha cabeça numa tina de água ráz, com minha filha berrando para eu cortar a mecha vermelha e grudada.
Lavei, muito shampoo, creme aos montes. Amanhã terei o resultado.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"O coveiro já estava me beijando"

Adoro palavras. A ponto de amá-las (como beija-flor) ou odiá-las (como espingarda). Consequentemente, adoro frases bem feitas, espirituosas, bem ou mal humoradas. E invejo intensamente, como passional que sou, aqueles que têm o dom de formulá-las.
Acho que Nana Caymmi mereceria constar de ao menos um livro dessas frases famosas eventualmente publicados por aí. É ela a autora da que dá título a este texto.
Que me perdoem, mas muito mais do que sua voz ou sua interpretação, gosto é do seu palavreado sem fronteiras e extremamente ácido, com os outros e, principalmente, consigo mesma. Vejam o contexto de onde brotou essa pérola:
"Não foi fácil enterrar pai e mãe, ficar fazendo footing no cemitério. Pensei: 'vou sentar aqui para ver se tem mais um freguês'. O coveiro já estava me beijando"(Ilustrada, Folha SP, 20/04/09).
Já tive grandes discussões com Vicente Alessi, meu colega que não perdoa o reacionarismo de Nelson Rodrigues, por quem, tardiamente, me apaixonei. Sim, ele é reacionário. E eu tive a pachorra de ler toda - TODA - a sua obra, da qual meu amigo Vic foge como o diabo da cruz. Na minha modesta (?) opinião, acima de seu reacionarismo, estava a defesa incondicional da vida humana e, na dramaturgia, a busca do escatológico do ser humano, no sentido de nos alertar para a existência dessa possibilidade em nós mesmos. Minto: não li TODA a sua obra: não consegui suportar os folhetins assinados por Mirna e Suzana Flag, nos quais se morre, literalmente, por amor. Também não posso afirmar que tenha gostado de tudo o que ele escreveu e que tenha concordado com a maioria de suas peças, opiniões e crônicas diárias.
Porém, como frasista, ele foi insuperável. Divirtam-se com algumas, politicamente incorretas ou não:

Invejo a burrice, porque é eterna.

Sou sóbrio por vocação, destino e desgraça.

Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo. (Mais atual, impossível!)

O casamento é divertido como um túmulo.

Toda coerência é, no mínimo, suspeita.

Meus diálogos são realmente pobres. Só eu sei o trabalho que me dá empobrecê-los.

Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.

A família é o inferno de todos nós.

Quando o sujeito é uma besta e não é capaz de fazer nada, faz filhos.

Qualquer indivíduo é mais importante do que toda a Via Láctea.

A inteligência pode ser acusada de tudo, menos de santa.

Acho a liberdade mais importante do que o pão.

Não acredito em brasileiros sem erro de concordância.

O homem é mais fiel ao seu ódio do que ao seu amor.

Nossa vida é a busca desesperada de um ouvinte.

domingo, 19 de abril de 2009

A mais nova novela brasileira - já em exportação

Gargalhei. Em meio a tanta safadeza de deputados e senadores - a indignação nacional é algo perene e eu não consigo mais achar em quem ou em qual partido votar - a foto que a Folha de São Paulo estampa hoje na metade inferior da capa provocou-me um acesso de riso incontrolável, para espanto dos desconhecidos que estavam ao meu lado.
Para quem não viu, explico: a foto oficial da Cúpula das Américas mostrava, ao centro superior, Obama sorrindo, lançando um olhar para o Lula, de cabeça meio baixa ao lado de um sorridente Morales. A legenda destaca o objeto da observação do presidente norte-americano: o nosso Lula.
A partir da tradução do "That`s my man", que gerou capas e manchetes internacionais, venho acompanhando essa nova novelinha brasileira, das mais engraçadas dos últimos tempos.
Pois não foi engraçado ver o Lula, oriundo do sertão de Garanhuns, sentado ao lado da Rainha da Inglaterra? Pois eu, como tantos, também acho que o nosso príncipe Fernando está se mordendo de inveja e ciúme.
Está certa a Bárbara Gancia quando diz que o Lula deve ter se instalado naquela cadeira, dado uma de "joão-sem-braço" já que não entende nada de inglês e ninguém ousou tirá-lo de lá. E lá ficou, registrado na foto ao lado de Elizabeth II.
E, no capítulo de hoje, o que me provocou a gargalhada foi que eu imaginei um final feliz para ambos: com direito a beijinho no final. E, se os coleguinhas não vacilarem, cabe até um The End por cima.