quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sonho?

Sonhei com você. Levantei-me maldizendo o mundo e cambaleei até a pia. Não tive coragem de erguer a cabeça. Fechei os olhos, passei a escova nos cabelos. A água fria no rosto me trouxe de volta à vida. Foi sonho, ah, sim, um sonho. Calquei os pés no chão, disposta a me firmar definitivamente na realidade. Em vão.
Senti um vulto, seu corpo atrás do meu. Era tão palpável que me virei:
- O que você quer?
Silêncio. O ladrilho branco, a toalha amarfanhada. A claridade entrando pelo vitrô. Revirei-me (decepcionada?). O barulho da água jorrando da torneira abafou (afogou?) meus pensamentos.
- Sou eu, ouvi, vagamente.
A sua respiração na minha nuca. Tão próximo (dentro?) que permaneci imóvel, atenta, para que o momento perdurasse.
- O que você quer?, sussurrei (pensei?).
A parede se esfumaçando, o espelho perdendo o foco, os joelhos vergando-se com o peso em minhas costas. Um choque percorreu meu corpo, saindo pelas mãos, pelos dedos, em forma de chuva. Fiquei molhada. Úmida. Uma garoa fina me alertou sobre o temporal iminente. Os pingos desviaram-se de seu corpo quase imperceptível.
Entreabri os lábios mas as palavras não chegaram a sair. Sufocaram-se com seus lábios contra os meus.

(para e.)

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