sábado, 7 de março de 2009

Perguntas. Alguém tem resposta?

"Para arcebispo, aborto é mais grave que estupro", explode a manchete da Folha de hoje. O estuprador, segundo ele, cometeu um pecado - para o qual basta se arrepender, confessar e pronto: vai pro céu, tá perdoado. À mãe e aos médicos, a excomunhão. Devem ir para o inferno, não? A menina, de nove anos, violentada desde os seis, então grávida de gêmeos, está perdoada porque "não tem discernimento".
A questão é simplória assim? Se não houvesse risco para a menina, o que ela faria com seus gêmeos? Brincaria de bonecas com eles, suponho. À Igreja não interessa sequer imaginar o futuro dessas três crianças, não bastasse o sombrio que rondará para sempre o dessa menina violentada. A família, então, ficaria imensamente feliz por estar cumprindo os desígnos de deus (deus quer, deus manda, além do imenso conformismo, é de uma ignorância revoltante). A mãe/avó embalando seus netos; o padrastro/pai/avô já se preparando para a próxima rodada (do primeiro, ele se arrependeu; mas pode se arrepender dos outros também, sem problema), e a mãe/criança não sabendo se troca as fraldas ou vai pular corda no quintal.
Pergunta maldosa, bem maldosa: o arcebispo, por acaso, está defendendo seus pares, aqueles mesmos que cometem abusos sexuais mundo afora e Brasil adentro?

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